sábado, 2 de fevereiro de 2013

O Presépio

Num Natal em que as famílias contavam os tostões, a crítica às políticas de austeridade do governo tomou várias formas (como a imagem em baixo). Apesar de atrasado, fica aqui o meu contributo.

O Presépio

O pinheiro está murcho
Com um ar acastanhado,
As fitas cheiram a mofo
E o vaso está furado.

O Joãozinho brinca num canto
Com o presépio partido
Enquanto reconta a história
Do milagre sucedido.

Não há palha no presépio,
Nem burro, nem vaca,
O rei mago levou tudo
E o Zé ficou à rasca.

O Menino chora com o frio,
A Senhora tenta aconchegá-lo
E nem os restantes presentes
Chegam para consolá-lo.

Para o rei não há solução
Que não seja o sacrifício,
Ficar sem tecto nem pão
Ajuda a matar os vícios.

"Ó Joãozinho deixa-te de histórias,
Anda mas é jantar
E pára de pintar bigodes
Na figura do rei Gaspar!"

"Não são bigodes, é uma máscara.
O pai diz que ele é ladrão,
Se o reconhecem neste estábulo
Ainda vai é para a prisão."

Não há palha no presépio,
Nem burro, nem vaca,
O rei mago levou tudo,
Um Natal de cortar à faca.



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