O Presépio
O pinheiro está murcho
Com um ar acastanhado,
As fitas cheiram a mofo
E o vaso está furado.
O Joãozinho brinca num canto
Com o presépio partido
Enquanto reconta a história
Do milagre sucedido.
Não há palha no presépio,
Nem burro, nem vaca,
O rei mago levou tudo
E o Zé ficou à rasca.
O Menino chora com o frio,
A Senhora tenta aconchegá-lo
E nem os restantes presentes
Chegam para consolá-lo.
Para o rei não há solução
Que não seja o sacrifício,
Ficar sem tecto nem pão
Ajuda a matar os vícios.
"Ó Joãozinho deixa-te de histórias,
Anda mas é jantar
E pára de pintar bigodes
Na figura do rei Gaspar!"
"Não são bigodes, é uma máscara.
O pai diz que ele é ladrão,
Se o reconhecem neste estábulo
Ainda vai é para a prisão."
Não há palha no presépio,
Nem burro, nem vaca,
O rei mago levou tudo,
Um Natal de cortar à faca.
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