quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Pouco temos p'ra cantar

Escrevi esta música já há dois anos e foi o nome dela que me deu a ideia do nome para o blogue. Chama-se "Pouco temos p'ra cantar".

Um leve desconforto
Sussurra ao ouvido
Num temido reencontro
De conversa sem sentido.

Em cima da mesa
Os restos da refeição
Relembram a incerteza
Do que foi outrora opção.

O vinho entornado
Realça a ironia
De um discurso marcado
P’la saudade e nostalgia.

Entre sobremesas e licores
Escapam-se segredos e confissões
A surpresa dos sabores
De sentimentos e paixões.

Refrão:
Desencontrados, talvez,
No meio desta canção
Sem princípio nem fim,
A saltar o refrão.

O falsete na tua voz,
A guitarra a trastejar
Vão gritando que nós
Pouco temos para cantar.


Entre o café e um bombom
Cresce o receio e o embaraço,
No silêncio ouve-se o som
De quem teme dar o primeiro passo.

Perdidos nesta atmosfera
De emoções a destoar
Prolongamos demais a espera
E damos por nós ao luar

Numa noite de verão
Com brisa de inverno
Que atormenta o coração
Qual chama de inferno.

No meio desse calor
Vai-se o frio da amargura
Desse desgosto de amor,
Mas é sol de pouca dura…

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Ler sem Receber

Música nova sobre o dia-a-dia de um estagiário. Dedico-a a todos aqueles que são obrigados a fazer um estágio profissional para poderem exercer uma profissão, aos que sem alternativa estão nesta condição e a todos os que estão em estágios altamente precários. Em falta de nome melhor, chama-se "Ler sem Receber".

Mais uma tarefa
Acumulada que não é tua,
O sol queima,
O ar sufoca e a rua

Teima em chamar
Quem não se pode mexer
De uma sala a apertar
Com o chão a correr

Devagar, num ritmo irritante,
Constante a sensação
De que a vida é um instante
Que passou sem ter noção

Por aqui estar sem saber
Se vale a pena o cansaço
De não saber o que fazer.

Num misto de tédio e ansiedade
Lá a manhã se faz tarde
Sem nada de novo acontecer.

Aponto as horas no caderno rabiscado,
Dou um berro indignado
"O que é que estou a aprender?"

Calo o berro e o remorso acrescido
De me terem convencido
Que escravatura é viver.

Engulo em seco,
Afasto as minhas lágrimas,
São só mais umas páginas
Para ler sem receber.