A ideia para esta letra (como a de muitas que publiquei neste blogue) não veio de notícias felizes. Ao lembrar-me de uma notícia do Correio da Manhã (se não estou em erro) que falava de uma família que sobrevivia a sopas e tosta, lembrei-me de escrever sobre a miséria que assola o país devido à austeridade aplicada. A letra chama-se, exactamente, "Sopas e Tostas".
Trabalhar a vida inteira
Para na terra enterrar
O futuro de um filho
Que não dá para sustentar.
O fruto de uma vida escrava
Caiu podre no chão
E a esmola que é dada
Não chega p’ra comprar pão.
O que sobra da casa
Nem dá para comer
Umas sopas e tostas
Para tentar preencher
O vazio no estômago
Que aperta o coração,
Que no fundo do seu âmago
Crê que a vida é uma ilusão.
(Refrão)
Mais um furo no cinto
Mais um dia sem sal
É viver no labirinto
Da sociedade desigual.
O dia é frio, a noite é escura
Não ajuda a adormecer
A luz da vela é uma amargura
Que não dá para aquecer.
A água dos canos
Quando vem é gelada
E não lava os enganos
De uma existência atraiçoada.
(Refrão)
E disseram que se aguenta,
Um dia na televisão,
Esquecem-se que quem os sustenta
Não é da mesma condição
E a miséria que os assola
Nem tem comparação
Com a de quem se mata e esfola
Pela próxima refeição.
(Refrão)